*Por Toninho Wandscheer
Há quem diga que os partidos políticos deveriam ser extintos da política brasileira. Quem defende a ideia, não percebe o risco que a democracia estaria correndo caso isso acontecesse.
Os partidos são os pilares da organização política de uma nação. Quanto maior a participação popular e a cultura política de um país, mais fortes são os partidos e melhor é a democracia. Por meio dessas instituições é que se assegura a pluralidade de pensamentos necessária para que um sistema político não caia em um governo totalitário. A diversidade de ideias e a vontade do povo chegam ao poder por meio das lideranças partidárias.
A relevância dos partidos no contexto democrático é incontestável. Além de viabilizar a participação política da sociedade, eles exercem papel importante na estabilidade do sistema de governo, que no Brasil é o presidencialismo. Os partidos, via parlamento, equilibram a balança entre os Poderes da União sem permitir que o Executivo decida de forma autoritária a pauta e as prioridades do Governo. São os líderes partidários que levam ao Congresso Nacional as principais demandas da sociedade e conseguem que as propostas do seu eleitorado sejam votadas.
É neste sentido que quando pensamos em construir uma agenda política que valorize o crescimento e o desenvolvimento nacional, não podemos excluir a importância dos partidos políticos deste contexto. Se isso ocorre, a democracia e o País correm risco.
No atual cenário político, o presidente Jair Bolsonaro não chama os partidos para dialogar sobre caminhos que ajudem o País a sair da crise com o discurso de que eles são os responsáveis pela corrupção. Não é possível negar os problemas existentes na democracia brasileira, mas não podemos culpar os partidos pela corrupção.
Ao não valorizar o papel desempenhado por essas instituições, o presidente deixa de ouvir e de atender as principais demandas da sociedade. O presidente vem esquecendo que é por meio dessas lideranças que se torna possível construir um governo com menos conflitos e avançar com projetos que atendam as prioridades do País.
Sem o apoio dos partidos torna-se impossível governar. As pautas não avançam no Congresso Nacional e as Medidas Provisórias, Propostas de Emenda à Constituição e Projetos de Lei não são aprovados. Quem perde com isso é o brasileiro, que vê a economia estagnada, o aumento do desemprego e a falta de expectativa de uma vida melhor.
É preciso construir um consenso. A ideia de que é possível governar sem o apoio dos partidos, como nos conta a história, não tem muito sucesso. Aqueles presidentes que optaram por governar desta forma, acabaram sozinhos, sem apoio e sem conseguir se manter no poder.
Desta forma, quando pensamos no Brasil, um país tão grande e com tanta diversidade, não seria possível acreditar em um sistema democrático que não garantisse o funcionamento dos partidos políticos. São eles que viabilizam a aproximação da base eleitoral com os eleitos, que permitem ao presidente e aos demais representantes do povo construírem uma pauta que beneficie a população.
As conquistas sociais devem continuar progredindo e garantindo à população acesso a tomada de decisões por meio de seus representantes. A democracia é um sistema em eterna evolução, e, sem dúvida, os partidos fazem parte desse processo.
*Toninho Wandscheer, é deputado federal e líder do PROS na Câmara.